terça-feira, 30 de junho de 2009

Falar ou ladrar

Há quase um mês, vi pela televisão a notícia de uma menina russa que fora criada pelo pai e pela avó como um bicho de estimação. Após a denúncia da mãe, que dizia que sua filha havia sido sequestrada pelo pai da criança, policiais fizeram busca pela casa da avó, onde encontraram a menina vivendo em um quarto junto dos animais da casa. Segundo os policiais russos, a jovem era mantida trancada, e, quando a soltaram, ela pulava em suas pernas e latia.

O caso da jovem de cinco anos me fez pensar sobre o poder do convívio familiar em nossa percepção de mundo, convívio que, se não nos moldam, influenciam demasiadamente em nossa formação como indivíduos. É óbvio que a jovem russa, cujo nome eu não consegui encontrar em lugar nenhum, é uma exceção: ela foi condicionada desde muito cedo a acreditar que fazia parte da espécie canina, e não duvido que os cães deram-lhe mais carinho que a própria família. Me refiro à herança negativa deixada por pais a seus filhos, os quais, por sua vez, poderão descarregá-la na futura geração. Uma família cristã, por exemplo, ao ouvir falar que um muçulmano é casado com mais de uma mulher, irá dizer ao filho “que absurdo!”; esta pessoa – novamente -, por condicionamento, realmente acreditará que a poligamia é um pecado, se apenas observar pelo lado “ocidental” da coisa, e talvez nunca se imagine na possibilidade de ter nascido no oriente, curvando-se por Alá todos os dias, em direção à Meca. Este exemplo, particularmente religioso, pode ser estendido à diferença da cor, classe, profissão; e até mesmo a coisas aparentemente simples como o time de futebol a que torce. Temos aí a raiz do preconceito.

O ambiente familiar tem – e com muita eficiência – a capacidade de definir a mentalidade de uma pessoa, mas, como toda instituição, a família não é infalível. Por outro lado – ainda bem que há outro lado! –, temos condição e obrigação de refletirmos as (in)verdades que nos foram ditas quando tivermos condição para fazê-lo, ainda que a fonte dessas (in)verdades seja um reduto tão importante quanto a família. O que não se pode fazer é aceitar o que lhe é dito sem mesmo filtrá-lo, e latir asneiras por aí. E isso vale para o mundo de informações que nos perpassa durante toda a vida; porque, diferente da garotinha russa, precisamos notar a diferença entre falar e ladrar.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

POEZINE

Como havia dito na última postagem, vou disponibilizar algumas páginas do Poezine aqui no blog para as pessoas que não tiveram a oportunidade de comparacer ao Elemento Sarau, no último dia 30. Digo que vou disponibilizar somente "algumas páginas", não como estratégia para aguçar a curiosidade daqueles que acessam o MULTIFACETADO - isto seria muita pretensão -, mas porque estou com uma tremenda preguiça de fazê-lo. Também tem o fato de eu ser um iniciante em edição de imagem, quando começo a alterá-las, fico curioso e começo a fuçar em todos os botõesinhos que vejo... e isso leva um bocado de tempo. Resumindo: outro dia termino de editar as imagens.

A impressão do Poezine apenas pode ser possível graças ao meu amigo Tony, cujo apartamento transformou-se, por uma noite, num tipo de tipografia clandestina. Foram horas bem caóticas... Alguns dias antes, o Tony cogitou a ideia de usarmos papel de aspecto envelhecido. Particularmente, por motivos estéticos e éticos, eu preferiria que a impressão fosse feita em papel reciclado. Nem uma nem outra, não tínhamos grana para nos darmos ao luxo da escolha deste ou daquele tipo de folha. Por isso decidi que, pelo menos no blog, as páginas tivessem a aparência da ideia original.

Outra mudança que fiz nas imagens foi o aumento da fonte dos poemas, pois percebi que se o mantivesse como estava, não seria possível a leitura, já que o blogger reduz automaticamente o tamanho das imagens.

Desculpem o amadorismo no tratamento das imagens - apesar de achar isto muito charmoso -, e espero que vocês curtam.