domingo, 30 de agosto de 2009

ENTRE CACOS, AOS CACOS

Com os pés descalços,
o gosto do chão frio
é interrompido pela farpa aguda;
rompida a pele, faz morada na carne;
alojada no cerne, faz morada na alma
O caminho é pontilhado de lascas,
a carne é fraca,
e a dor recente é a pior;
mas é vão evitá-las,
pois mesmo dor, são pedras que encaixam
no corpo frágil qual vidro,
e o rosto liso
não conta história como os trincos
- trincos que são brincos da alma.


DANILO ZAMAI - 18/08/2009

Primeiro poema finalizado da série "Casa dos Espelhos".

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Os fins e os meios

Agora que voltei a frenquentar a escola por conta dos estágios da faculdade, o assunto da vez é a H1N1, mas popularmente chamada de gripe suína. Ao invés de ficar alarmado com o quadro, jovem pós-moderno que sou, preferi procurar oportunidades financeiras com o surgimento da nova doença, e não há mercado mais lucrativo que o mercado bélico.

Como muitos sabem, é uma prática comum insurgentes de facções islâmicas se utilizarem de homens-bombas para atacarem alvos como embaixadas americanas, aglomerações de judeus, etc. Mas é sempre uma dor quando a família desses soldados os veem deixarem suas casas com o uniforme de trabalho, pois o retorno é impraticável; sem contar que a perda de um soldado é sempre ruim para qualquer exército.

Pensando nisso, resolvi declarar que a prática suicida ficou obsoleta; sai de cena o homem-bomba ultrapassado, entra em cena o homem-bomba-biológica! Um soldado portator do vírus H1N1, sozinho, que pode atingir muito mais alvos e passar despercebido por tropas inimigas; ele se beneficia da infraestrutura destruída de países do Oriente Médio; conta com o elemento surpreza: pois a última coisa que um judeu vai pensar na sua vida é chegar perto de um porco (os judeus encaram o porco como um animal impuro), assim o muçulmano pode infiltrar-se no meio da população judia e disseminar a doença.

Como vocês podem perceber, os tempos são de crise apenas para aqueles que não enxergam as vantagens, para quem não explora as oportunidades. Sugiro ao presidente Lula, líder de um país emergente e que espera prosperar dentro do cenário mundial, não deixar de aproveitar esta chance de entrar para a indústria bélica. Os protótipos poderão ser facilmente encontrados em salas de aula abafadas, com mais de quarenta alunos cada, das escolas brasileiras - o que também ajuda a diminuir os gastos com educação, que é um peso ao país.



A foto de ilustração é de outro blog - acho que dá pra perceber:



terça-feira, 18 de agosto de 2009

VAGANTE

Quem está batendo aí,
quem é?
"Estou de passagem,
não se importe"
Já me importei...
"Só estou a bater em janelas,
mas nunca parar"
E faz assim pra brincar?
"Sim, pra instigar"
Fica! lhe dou um nome,
um rosto,
lhe dou um corpo
"Então eu perco a graça"
Mas também pode não se achar
"Não ache,
sempre há com quem me limar".

DANILO ZAMAI - 16/10/2008