POEMA DE GAVETA
Fecho tribulações
em madeira sóbria,
um homem mobília.
Batidas dobram,
debaixo do peito,
coração à obra.
Emoções kamikazes,
querendo levar,
da camisa, os botões
voam feito rolhas,
deslisam feitas em
pombas de champagne.
Arritimia dos ossos,
da boca, uma palavra ousada
sai em fuga.
Palavras ditas não se recolhem,
perdem o parentesco,
assim saídas, morrem ou brotam.
DANILO ZAMAI - 31/05/2010
segunda-feira, 31 de maio de 2010
domingo, 30 de maio de 2010
VIDAS QUE PASSAM
Ando distraído pela calçada,
que me leva a mais um dia de...
não me dou conta que a calçada acaba:
bombardeiros rasgam o céu, tanques sangram a terra,
o inimigo se lança detrás do barulho imenso,
lâmina e corpo são um só
Eu sou só e silêncio...
suspenso o olhar de "não precisava ser assim"
Agradeço à mão que me ergue
da trincheira onde me encontrava,
me levanta do meio-fio
Redispostos, os pés movem o trajeto:
Pessoas caminham apressadas,
os olhares, por outro lado, caminham sem pressa;
e a sensação é que um deles me persegue
Despontam aqui e ali rostos reconhecidos,
a cena se reproduz logo à frente:
paredões de faces excitadas,
de ambos os lados, agurdam pela execução,
artilharia de vaias é lançada
ao corredor,onde arrastam o acusado
O carrasco é melhor recebido...
Entre último suspiro e metal, permanece o segundo
Interropindo pela luz na estrada, desperto ao volante,
a um suspiro de distância, a colisão inevitável
Nos separa o instante, entre nós, o segundo
permanece como medida de tempo,
mas capaz de abarcar um mundo.
No leito de hospital, onde me deixo,
o corpo parece descansar, diminuindo,
até tornar-se ponto azul terrestre
entre as mudas cintilantes astropedras,
encrustadas na caverna dos sonos
Sim, isto é sonho!
Cubro-me com o lençol negro do universo,
fecho os olhos em vão, como de vidro se tratassem:
astropérolas por onde eu olho e cometas passam,
suas caldas desenham caracteres numa língua sem palavras
e eu não posso descrevê-la.
Súbita, a luz irrompe de lugar nenhum,
apagando pouco a pouco as estrelas
do (uni)verso de minhas pálpebras;
cá estou eu de novo, lúcido como um bebê,
com a certeza de um dia reencontrá-las.
DANILO ZAMAI - 29/05/2010
Ando distraído pela calçada,
que me leva a mais um dia de...
não me dou conta que a calçada acaba:
bombardeiros rasgam o céu, tanques sangram a terra,
o inimigo se lança detrás do barulho imenso,
lâmina e corpo são um só
Eu sou só e silêncio...
suspenso o olhar de "não precisava ser assim"
Agradeço à mão que me ergue
da trincheira onde me encontrava,
me levanta do meio-fio
Redispostos, os pés movem o trajeto:
Pessoas caminham apressadas,
os olhares, por outro lado, caminham sem pressa;
e a sensação é que um deles me persegue
Despontam aqui e ali rostos reconhecidos,
a cena se reproduz logo à frente:
paredões de faces excitadas,
de ambos os lados, agurdam pela execução,
artilharia de vaias é lançada
ao corredor,onde arrastam o acusado
O carrasco é melhor recebido...
Entre último suspiro e metal, permanece o segundo
Interropindo pela luz na estrada, desperto ao volante,
a um suspiro de distância, a colisão inevitável
Nos separa o instante, entre nós, o segundo
permanece como medida de tempo,
mas capaz de abarcar um mundo.
No leito de hospital, onde me deixo,
o corpo parece descansar, diminuindo,
até tornar-se ponto azul terrestre
entre as mudas cintilantes astropedras,
encrustadas na caverna dos sonos
Sim, isto é sonho!
Cubro-me com o lençol negro do universo,
fecho os olhos em vão, como de vidro se tratassem:
astropérolas por onde eu olho e cometas passam,
suas caldas desenham caracteres numa língua sem palavras
e eu não posso descrevê-la.
Súbita, a luz irrompe de lugar nenhum,
apagando pouco a pouco as estrelas
do (uni)verso de minhas pálpebras;
cá estou eu de novo, lúcido como um bebê,
com a certeza de um dia reencontrá-las.
DANILO ZAMAI - 29/05/2010
sábado, 29 de maio de 2010
RANZINZA
Tropecei no rabo dum cometa
e no sol eu derramei café
Já te vi vestindo humores variados,
alguns exagerados,
nunca tão ranzinza como agora
Sol que brilha, aquece e rebrilha
mas não ferve o meu café,
manda-me uma chuva
que me afogue esta modorra,
ou muito boa noite, até.
DANILO ZAMAI - 29/05/2010
Tropecei no rabo dum cometa
e no sol eu derramei café
Já te vi vestindo humores variados,
alguns exagerados,
nunca tão ranzinza como agora
Sol que brilha, aquece e rebrilha
mas não ferve o meu café,
manda-me uma chuva
que me afogue esta modorra,
ou muito boa noite, até.
DANILO ZAMAI - 29/05/2010
terça-feira, 25 de maio de 2010
quinta-feira, 20 de maio de 2010
BOMBA-RELÓGIO
A caneta não pega:
as letras são escritas não por tinta,
mas pela insistência de se saberem salvas
no relevo da folha.
A força fere o papel,
num sinal de que feridas serão exposta e servidas
em porções durante o dia anterior a amanhã.
Letras invisíveis marcham como dados
de volta ao campo das ideias...
invisíveis mas não caladas,
giram noite a dentro, provando meus nervos,
sem combinação a meu favor,
sem falsa esperança de se perderem em sonho.
Quando o desejo de dormir não vem
seguido da vontade de não acordar,
sinal que alguma coisa não vai bem,
ou todas as outras coisas.
DANILO ZAMAI - 20/05/2010
(Poema dedicado ao Caio - não pelo tema, que é bem triste e reflete um estado de espírito meu, mas pela ocasião de seu aniversário... PARABÉNS, CAIO.)
A caneta não pega:
as letras são escritas não por tinta,
mas pela insistência de se saberem salvas
no relevo da folha.
A força fere o papel,
num sinal de que feridas serão exposta e servidas
em porções durante o dia anterior a amanhã.
Letras invisíveis marcham como dados
de volta ao campo das ideias...
invisíveis mas não caladas,
giram noite a dentro, provando meus nervos,
sem combinação a meu favor,
sem falsa esperança de se perderem em sonho.
Quando o desejo de dormir não vem
seguido da vontade de não acordar,
sinal que alguma coisa não vai bem,
ou todas as outras coisas.
DANILO ZAMAI - 20/05/2010
(Poema dedicado ao Caio - não pelo tema, que é bem triste e reflete um estado de espírito meu, mas pela ocasião de seu aniversário... PARABÉNS, CAIO.)
segunda-feira, 17 de maio de 2010
DRAGÕES
Quando criança, buscava no céu nuvens brancas,
dragões baforavam fumaça
Um cachorro com escamas de algodão
e um navio a velas colidiam,
transformando-se em cogumelo, uma face
Não havia nuvem sem forma,
nem forma que não coubesse uma história.
Fui convencido a desvestir da fantasia
Quando olho o céu, procuro por chuvas e somente...
Esqueço que ainda há dragões,
cujas lufadas, eu cria, ocultam uma cidade flutuante,
mesmo um aquário de peixes etéreos
Quando olho o céu, procuro tempestades e somente
tempestade é o que recebo em troca.
DANILO ZAMAI - 17/05/2010
Quando criança, buscava no céu nuvens brancas,
dragões baforavam fumaça
Um cachorro com escamas de algodão
e um navio a velas colidiam,
transformando-se em cogumelo, uma face
Não havia nuvem sem forma,
nem forma que não coubesse uma história.
Fui convencido a desvestir da fantasia
Quando olho o céu, procuro por chuvas e somente...
Esqueço que ainda há dragões,
cujas lufadas, eu cria, ocultam uma cidade flutuante,
mesmo um aquário de peixes etéreos
Quando olho o céu, procuro tempestades e somente
tempestade é o que recebo em troca.
DANILO ZAMAI - 17/05/2010
terça-feira, 11 de maio de 2010
domingo, 9 de maio de 2010
Pô: heresia visual #2
Estou me sentindo instigado a utilizar esta técnica - apesar de ser muito trabalhosa - para a montagem de outros poemas visuais. Depois de quebrar a cabeça por alguns dias num modo de escrita tão restritivo, você passa a dar muito mais valor à liberdade que uma página em branco oferece.
terça-feira, 4 de maio de 2010
Recantos de tranquilidade
Sou um homem da cidade, nasci nela e aprendi a seguir conforme o seu ritmo. Caminho pelas ruas do centro cheias de carros, de gente ocupada, trabalhando nas lojas e calçadas; gosto de ver os prédios novos serem construídos e de sentir que faço parte desse movimento intenso da Guarulhos que se renova.
Mas há certos momentos em que é preciso um pouco de sossego, de calma para retomar o fôlego e continuar o itinerário: escolho um banco vazio debaixo das árvores na Praça Getúlio Vargas ou na Praça do Rosário; acompanhado de um bom livro, do jornal ou de uma revista, me desloco da correria diária. O som dos carros diminui, e também parece diminuir o ritmo do meu dia.
Mesmo quando o compromisso não permite e atravesso a praça com passos apressados, tenho a certeza de que, numa próxima ocasião, poderei contar com um desses lugares da cidade, os quais carinhosamente chamo de “recantos de tranquilidade” e tirar o tempo de que preciso.
Vídeo produzido pelo Canal Guarulhos, a partir da crônica acima:
Preciso agradecer a minha amiga Paty (http://fertilidaderacional.blogspot.com/), por ter explicado a proposta e me convidado a participar deste projeto da Secretaria de Comunicação de Guarulhos. Obrigado Paty!
Sou um homem da cidade, nasci nela e aprendi a seguir conforme o seu ritmo. Caminho pelas ruas do centro cheias de carros, de gente ocupada, trabalhando nas lojas e calçadas; gosto de ver os prédios novos serem construídos e de sentir que faço parte desse movimento intenso da Guarulhos que se renova.
Mas há certos momentos em que é preciso um pouco de sossego, de calma para retomar o fôlego e continuar o itinerário: escolho um banco vazio debaixo das árvores na Praça Getúlio Vargas ou na Praça do Rosário; acompanhado de um bom livro, do jornal ou de uma revista, me desloco da correria diária. O som dos carros diminui, e também parece diminuir o ritmo do meu dia.
Mesmo quando o compromisso não permite e atravesso a praça com passos apressados, tenho a certeza de que, numa próxima ocasião, poderei contar com um desses lugares da cidade, os quais carinhosamente chamo de “recantos de tranquilidade” e tirar o tempo de que preciso.
Vídeo produzido pelo Canal Guarulhos, a partir da crônica acima:
Preciso agradecer a minha amiga Paty (http://fertilidaderacional.blogspot.com/), por ter explicado a proposta e me convidado a participar deste projeto da Secretaria de Comunicação de Guarulhos. Obrigado Paty!
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