PACTO EM SILÊNCIO
Esta sombra não pode ser minha
Não a mesma sombra
de meus primeiros dias
Na mais idosa memória,
era mirrada e pequenina,
incapaz de um passo além
sem se perder de mim
Veja você agora,
como cresceu!
Alimentou-se de lembranças
às minhas costas,
está feita gente grande
com vestes para passeio noturno.
Eu sei, sem me dizer,
(e você sabe que eu sei)
que enquanto durmo
revestido de sonhos,
na surdina você sai
pra se fundir na noite
Porque a noite pertence
às sombras que vagam
à procura do silêncio
soprado ao pé do ouvido;
dos segredos
na claridade do dia, ocultados.
Você se finge de tonta, mas eu sei
(e você sabe que eu sei)
Assim perpetuamos
nosso acordo em silêncio:
de dia, você é a sombra dum poeta,
de noite, sou um poeta assombrado.
DANILO ZAMAI - 10/09/2010
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
sábado, 4 de setembro de 2010
POESIA FUGIDIA
Estou prestes a admitir:
sou um caçador de borboletas fantasmas;
mas não o faço,
só deixo clara a intenção de admitir...
Se minha área de trabalho
é o campo das reticências,
como irei reter a imagem que se derrete
assim que se pretenda rabiscar a folha?
com que propriedade?
O poema é pobre
na tentativa de captar a poesia
emanada nas coisas da vida;
o poeta é louco de tentar
A poesia, ao que parece,
não pretende ser escrita.
No jardim, o gato preto,
que há pouco tentava capturar
a sombra ligeira duma borboleta,
me encara,
e até parece entender o que se passa.
DANILO ZAMAI - 30/08/2010
Estou prestes a admitir:
sou um caçador de borboletas fantasmas;
mas não o faço,
só deixo clara a intenção de admitir...
Se minha área de trabalho
é o campo das reticências,
como irei reter a imagem que se derrete
assim que se pretenda rabiscar a folha?
com que propriedade?
O poema é pobre
na tentativa de captar a poesia
emanada nas coisas da vida;
o poeta é louco de tentar
A poesia, ao que parece,
não pretende ser escrita.
No jardim, o gato preto,
que há pouco tentava capturar
a sombra ligeira duma borboleta,
me encara,
e até parece entender o que se passa.
DANILO ZAMAI - 30/08/2010
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
LINHA INTERROMPIDA
Uma ligação perdida,
número não identificado
Quem poderia ser...?
Estava ocupado com outra chamada:
assistia algo sem muita importância
mas que prendeu minha atenção
Aguardo o telefone tocar,
novamente ele não toca.
Seja o que for,
precisava ser dito no exato momento
e em nenhum outro
Típica ação do ímpeto,
tipo de reação em cadeia
capaz de mudar o curso de toda a vida;
típico do que faz diferença.
O amor, amizade ou seja lá o que for
apenas existiu na fibra ótica
O telefone não toca;
pior: os dominós não se movem
Me pergunto se muito do que chega aos meus sentidos
me desvia o sentido.
DANILO ZAMAI - 01/09/2010
Uma ligação perdida,
número não identificado
Quem poderia ser...?
Estava ocupado com outra chamada:
assistia algo sem muita importância
mas que prendeu minha atenção
Aguardo o telefone tocar,
novamente ele não toca.
Seja o que for,
precisava ser dito no exato momento
e em nenhum outro
Típica ação do ímpeto,
tipo de reação em cadeia
capaz de mudar o curso de toda a vida;
típico do que faz diferença.
O amor, amizade ou seja lá o que for
apenas existiu na fibra ótica
O telefone não toca;
pior: os dominós não se movem
Me pergunto se muito do que chega aos meus sentidos
me desvia o sentido.
DANILO ZAMAI - 01/09/2010
Assinar:
Postagens (Atom)